Instituto Favelar

Sobre a organização

A partir da crescente necessidade de termos novas perspectivas sociais na comunidade do Dendê – Bairro Edson Queiroz, onde moramos, decidimos em Janeiro de 2018 criarmos o Coletivo Dendê de Luta, grupo formado por jovens que estavam dispostos a ultrapassarem as barreiras impostas pela violência e falta de oportunidades. Nas comunidades as praças são os locais onde a cultura e avida se encontram, é o nosso lazer, é o nosso playground, é o nosso lugar de bem viver. Contrariando as estatísticas e os dados que marcavam o recorde de homicídios na adolescência no nosso território, realizamos o maior empreendimento que podíamos fazer para curar as dores e aflições dos mais de 20.000 moradores da região, começamos a promover a vida.

O nosso palco inaugural foi a praça. Imbuídos pelas nossas memórias afetivas de um tempo em que as praças eram movimentadas e as pessoas se sentiam mais seguras para estarem nas ruas, iniciamos uma série de ações que visavam à reocupação dos nossos espaços públicos. Galgados em eixos de atuação como a cultura e o empreendedorismo realizamos eventos que começaram a mobilizar não somente os moradores, mas os talentos, a economia local, a cidadania.

Ao passo que nos tornávamos um canal de algo novo, fomos tomando outras conotações para além do ambiente da praça. Logo, os moradores viram em nosso trabalho um meio de fazerem valer os seus direitos; dessa forma, as mais diversas demandas começaram a chegar até nós: uma rampa de lixo que havia se formado por conta da debilidade da coleta domiciliar, postes com luminárias danificadas e ruas escuras, buracos nas vias públicas do bairro, transporte público com defasagem no itinerário, posto de saúde com déficit de atendimento e por aí vai. Na ausência do poder público, o Coletivo Dendê de Luta se consolidou como porta-voz da comunidade, um meio de garantia de direitos, um modelo de governança.

Pode-se dizer, portanto, que essa trajetória nos fez enxergar muito além daquilo que estava posto diante dos nossos olhos. Vimos que outras comunidades nas adjacências também estavam passando pelos mesmos problemas. A partir dessa análise, compreendemos que as Favelas estão conectadas, falam a mesma língua, sentem as mesmas dores. Assim, tendo em vista os mesmos sintomas, indicamos para outros jovens de outras comunidades a nossa receita, o nosso remédio: o protagonismo.

Uma rede começou a ser tecida. Jovens que viram o sucesso do nosso trabalho decidiram iniciar o mesmo empreendimento em seus bairros. O começo é sempre difícil, principalmente quando não se tem apoio. Essa vontade que brotou em outros locais nos fez querer criar um canal maior, que dessa conta de fortalecer todas essas outras iniciativas. Queríamos acolher, da mesma forma que faz um lar, do mesmo modo que a Favela se coloca em nossas vidas: são nos desafios que também encontramos as soluções, É na vontade de termos um Brasil Novo que nasce o FAVELAR.

Publico atendido em 2022: +250 crianças e jovens.